quarta-feira, junho 29, 2005

Pisando na própria carne-seca

Um homem cansado vem andando pela rua quando lhe aparece um Ladrão:
- Passa a grana, zé!
-Tenho não. Não, senhor.
-Mostra a carteira!
-Tá quí ó... - Mostrou o homem cansado a carteira fina, com pouca coisa dentro.
-Que é isso... só tem dois vale e trêis conto...- disse o Ladrão.
-Fazer o quê, né?
-Diabeísso? Que merda tu faz da vida?
-Fiz Jornalismo.
-Que turma????

segunda-feira, junho 27, 2005

Deus, Abençoe a Família Brasileira

A Globo é como a mãe na formação cultural das últimas décadas...
O país todo precisa de um analista para desfazer os nós dessa relação.


Já o SBT... É aquele tio barrigudo que te paga uma puta e te ensina a beber e falar palavrão.

* essas coisas não se ensinam nas faculdades de comunicação.

sábado, junho 25, 2005

A última palavra

Atentem para a última palavra do livro que estão lendo... é quase sempre onde está o sentido final da obra. No Lobo da Estepe, por exemplo, é a palavra "redenção". Meu pequeno trabalho final termina com "vida".

sexta-feira, junho 24, 2005

Antes da Conclusão

Agora é o meio-dia. O ponto mais alto do dia (o horário de postagem não vale). Em duas horas estarei defendendo minha monografia de fim de curso e estou tranquilo, independente da avaliação da banca (claro que quero um 10 e também quero ser louvado pelos três homens sábios -e isso é a mais pura verdade- que convidei para a banca). O Comecinho dela é o seguinte:

Rubem Alves foi muito lúcido quando afirmou que escrever é como espremer um furúnculo. Por vezes, é apenas um pontinho, que dá uma dor que mais parece com coceira, mas, quase sempre, o que temos é um pequeno tumor inchado cheio de pus e sangue pedindo para sair. Cabe a nós, que nos propomos a essa brincadeira ou desafio, termos coragem de espremê-lo, agüentando a dor e segurando o asco na garganta.

Tive sorte de ser apresentado a Rubem Alves em uma dessas madrugadas quentes de Fortaleza, onde não dormir é regra e a melancolia deixa o ambiente e nossa pele com cores levemente azuladas. Na madrugada em que fui apresentado a Rubem Alves por uma amiga semi-anjo, não havia alegria. Não havia nem mesmo eu, ou a presença do meu corpo, que estava em um estado de completo torpor. Eu era um fugitivo, sem saber do quê. Depois descobri que fugia do meu furúnculo, que pedia para ser transformado em palavra, antes que virasse parte de meu corpo.

Considero a comparação de Rubem Alves de que, o ato de escrever, é similar a esse tipo de tumor benigno devido ao alívio que se segue após um momento de medo das sensações, porém, talvez o que me inquietasse fosse algo pouco diferente.

Como monografia de conclusão de curso, este trabalho representa o fim de um ciclo breve de formação profissional. Porém, acima de tudo, é o resultado de dois anos de experiência e de construção pessoal de um ser humano. Uma tentativa fazer mais completo o que não pode ser.

Assumo que se não fosse uma monografia dentro dos preceitos científicos, mas um romance ou um conto, o que haveria a ser lido, em seguida, seria uma história em primeira pessoa, quase autobiográfica. Entretanto, mesmo se tratando de um escrito sobre algo que diz respeito não apenas a mim, mas ao saber da coletividade, não consegui e nem fiz questão de tornar o trabalho algo distante de minha pessoa. Ao contrário, desde a escolha do tema até a forma como está sendo apresentado, o que é possível perceber é o autor dentro da obra, assim como quem me conhece, de fato, verá a obra no autor. Explicando de um modo mais acadêmico, prefiro falar de história da filosofia.

quinta-feira, junho 23, 2005

E eu amo a feiticeira-anjo, pois sou um anjo-feiticeiro.

segunda-feira, junho 20, 2005

Pequeno Conto Sobre Um Poço

Era um poço tão profundo que quase tocava a alma do mundo. Feito de pedra e construído como não se faz mais.
Era somente um poço antigo, com musgos e líquens, que lá do fundo olhava saudoso o céu, mas que estava sempre imerso na escuridão.
"Sai daí que ele é perigoso", diziam as mulheres aos seus filhos. Estes pareciam ouvir e continuavam brincando perto do perigo.

Entretanto, o poço não era somente um lugar cujo chamado da escuridão era motivo de preocupação para mães e avós. Lá havia a água mais pura e refrescante que poderia ser bebida em léguas de distância. Mais fresca que a água corrente, retirada do rio, que era utilizada somente para lavar roupas e higiêne pessoal. Até os viajantes sabiamque o lugar para se beber a melhor água era naquele poço misterioso, o qual ninguém jamais mediu sua verdadeira profundidade.

Como não poderia ser diferente, os velhor da aldeia contavam diversas lendas sobre o poço da água clara. Uma dessas histórias fala sobre um anjo que havia perdido as asas depois de se apaixonar por uma feiticeira de olhos grandes e pele quente, cor de amêndoa. A devoção do anjo à feiticeira não somente tornou-o humano e sem asas, mas deixou o ciumento Deus muito encolerizado.

Bravo, o Senhor tornou o amor dos dois algo finito, que não poderia se perpetuar e nem ser vivido por muito tempo, nem com a ajuda das artes de Memória. Um dis a palavra de Deus foi mais forte e o amor virou mágoa para a feiticeira e culpa para o anjo. Depois disso, o anjo, desabrigado de seu amor, sumiu, perdido em um mundo totalmente estranho para ele.

Até o dia em que chegou a esta aldeia, onde havia o poço sem fundo, mas não com a água tão cristalina.

Ao encarar o olhar escuro do poço, o anjo deixou-se cair, pois a visão era tão penetrante quanto o olhar de seu amor perdido. Apesar de não ter mais asas e já possuir corpo de homem, o anjo conservou seu coração. Os velhos de nossa aldeia dizem que o poço tem a água boa por conta disso. Porque lá no fundo, está a alma de um anjo.

para GD. ao som de Femme Fatale, do Velvet Underground