domingo, dezembro 19, 2004

Cinema - Animal House

Sim, esse definitivamente Animal House (Clube dos Cafajestes - 1978) é o melhor filme de estudantes já feito. A história se passa em 1963, quando a hipocrisia rolava solta, mas os EUA ainda viviam em um sonho bobo de donas-de-casa, eletrodomésticos, automóveis e aspirinas.
O filme conta a história de uma fraternidade que une desajustados, caras legais e muito rock'n'roll. Só para ter uma idéia, a primeira canção é Louie Louie, dos Kingsmen. Ao contrário de Porky's, nesse filme eles tem de enfrentar as armações de um diretor corrupto e metido a moralista (qualquer semelhança com Richard Nixon não é mera coincidência) e de uma fraternidade de bons moços.
Se é que há uma mensagem nessa história de muita sacanagem, muito álcool e alguns baseados, é que os caras legais sempre se dão bem, mesmo que eles se fodam no final. E mais que isso, quando a situação parece estar perdida, é porque esse é o momento de fazer algo grandiosamente estúpido.

Destaque para o elenco. John Belushi (sim, o irmão de James Belushi) como o cara mais louco de todos, Bluto. Uma pena essa figura ter morrido em 1982, ainda antes de eu nascer, porque ele foi o melhor comediante daquela geração.

Bluto fala pouco, mas é um espetáculo a parte.
Um outro carinha bacana de se ver é o Donald Sutherland no papel de um professor de literatura meio beatnik que apresenta maconha para os alunos. Ele ganhou US$ 50 mil para trabalhar por dois dias. Se tivesse aceitado uma porcentagem, teria ganho uns US$ 17 milhões.
Um ator muito bom nesses papeis de profissionais sérios que sabem viver (como o médico de M.A.S.H.).

Folklore

Querem saber a verdade sobre o Saci-Pererê? Quem me contou foi a jovem Bruna, de três anos e meio.

Ela me disse que o saci era um macaco que ficava pulando para lá e para cá em cima das árvores da floresta. Um dia, de tão travesso que ele era, ele escorregou e partiu uma das pernas. O cotó ficou sem poder voltar para as árvores e passou a azucrinar os viajantes pelos caminhos, e as boiadas pelos pastos.



Nunca um adulto poderia pensar algo assim. Alguns até não se permitiriam, com medo de serem taxados de preconceituosos ou qualquer bobagem vinda dos politicamente-corretos (vulgo, chatolinos de plantão). Somente uma criança de três anos criaria uma história tão direta. Quem sou eu para discordar que há um fundo de verdade nessa interpretação.

Postado ao som de Gilberto Gil - Sítio do Pica-Pau Amarelo




sábado, dezembro 18, 2004

Conselho de Natal a todos os Cristãos



Pequem, antes que seja tarde demais

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Mito

Ele chorava sozinho no quarto da torre ou olhando as estrelas. Ela, no banheiro, se olhando nos olhos de frente para o espelho.
Do alto da torre, Ele não tinha coragem de procurá-la na casa dela. Isso o fazia sofrer. Ela dormia na varanda procurando um vulto naquela torre cheia de luzes de natal. Confundia a árvore com a sombra dele, e ficava preocupada se ele demorava.

Eis que em uma noite, ele a chamou para ir a sua torre. Precisava falar algo urgente, que não iria mudar o destino de nenhum dos dois naquele momento, mas que precisava ser dito e ouvido. Com mãos e pernas trêmulas ela foi. Correu poucos metros, porém sentia-se em um daqueles frequentes pesadelos onde o ar é tão denso que a impedia de correr. Nos sonhos, era fácil. Bastava voar. Aqui não, era necessário suportar cada passo do caminho.

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Palavras foram ditas e ouvidas. Preservemos a intimidade dos dois. Os olhos dele não encaravam os dela, e ela pedia que ele a olhasse nos olhos. Ele tinha medo de que erros se repetissem e que até as lembranças boas fossem sufocadas, porém, respirou fundo e olhou. Seus olhares se tocaram e em seguida suas faces. Suas bocas esperaram ainda alguns instantes antes que ela criasse corajem. Ele ainda hesitou, mas por fim cedeu.

E assim, novamente a Alma pode ser eterna, pois estava ao lado do seu Amor


quarta-feira, dezembro 08, 2004

Oh nuit, oh laisses encore à la terre
Le calme enchantement de ton mystère
L'ombre qui t'escorte est si douce
Est-il une beauté aussi belle que le rêve
Est-il de vérité plus douce que l'espérance

sábado, dezembro 04, 2004

Um Outro Sentido

Não há muito o que temer, afinal. Caminhamos sobre terrenos difíceis, mas não caminhamos sozinhos. Tropeçamos diversas vezes, mas temos mãos que nos agarram, e mesmo as mão do acaso (se é que há acaso) são precisas. Saber rir é o verdadeiro desafio, que a vida é tão leve quanto aviões de papel e tão doce quanto chocolate. Ainda vejo o riso como algo mais nobre que o choro, e mais transformador também.

Vá se divertir um pouco e rir e chorar porque vale a pena tentar algo, sempre. Veja um filme. Quer uma sugestão? A Voz do Coração (Les Choristes, 2004). Bom roteiro e argumento, bons atores. Música Sublime, enfim.



*Este segundo post, ainda de apresentação, é dedicado ao pequeno Pépinot, porque hoje é sábado. Porque há verdades que são mais belas que a esperança. Também dedico esta segunda apresentação à Aline Pimentinha.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Um Sentido

Esses são dias barrocos, de grandes contrastes, onde as sombras cegam e as luzes ofuscam. Estamos em dias de incerteza. Caminhamos em uma corda bamba, sobre um abismo e muitos de nós nem sabem disso. Dos que sabem, uma parte se deixa levar pelo medo, enquanto outros caminham a espera de uma plataforma segura enquanto suportam, ou além. Nesse espetáculo, nós que tentamos caminhar com medo ou sem medo somos herois a cada dia, a cada minuto. Pisamos no inferno, mas respiramos um ar rarefeito das alturas.



Quase dilacerado, tento achar um sentido nessa luz e sombra que me faça rir e chorar, mas que não me deixe cair ou que me deixa paralizado. A todos que fazem parte do espetáculo da vida, sendo platéia ou fazendo parte do elenco, sejam bem vindos. Essas são as confissões de um homem barroco.