terça-feira, maio 22, 2007

K. Desiste de Ser Poeta

Não é por medo que silencio.
É por saber que não há nada a ser dito.
não por mim.

Já fui poeta, já filosofei a alma do mundo
e estive próximo de onde os sábios vêem
quão pequeno e belo é o diamante da condição humana
e esqueci.

Não há um corvo que me assombre,
que me diga "Nevermore!, Nevermore!"
E não sinto mais sede de fazer permanecer o que não será.

Me entristece saber que não sou velho,
e como já pareço velho!
Como sou só mais um de minha geração!
Um desses que envelhecem cedo demais
e na ânsia de sentir restos de vida
buscam andar no limite de abismos!
Minha peculiaridade é poder voar sobre os meus vales
que já não me assustam.
Não preciso temer o perigo do abismo para amar a vida.

Rasparia essa ironia de meu corpo,
Lavaria de mim tanto sarcasmo
se soubesse como
Não sei... por isso me calo
por não ter nada a dizer, a não ser a justificativa diante de tanto silêncio

As palavras merecem uma voz que as respeite.
Não alguém que as pronuncie com poeira.
Finjo ser mais um dos que não conhecem os segredos delas
da maneira mais convincente: sendo-o.


*foi um mero acaso encontrar esse texto perdido nos meus rascunhos de e-mail. Não lembro se salvei apenas ou se o fiz para mandar para alguém posteriormente. Estou publicando porque já não fala de mim. Já é algo superado e pronto para ser dito. Minha alma, deste modo, permanece guardada. E estando guardada, posso dá-la somente àqueles que me são caros.

RESUMO DO DIA

Um dia a ser esquecido.