sábado, junho 19, 2010

NOTAS DO CADERNO VERMELHO IV



ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU


No céu, olho as estrelas e também o que é escuro. É nessa parte calada da abóbada que é possível localizar o que há de maior e impressionante. É aqui, onde nossos olhos míopes de homem nada veem que eu busco uma estrela para chamá-la de Glória.

Não quero a mais vistosa daqui -o brilho muda de acordo com o ponto de vista do observador- Quero a maior, cuja massa é grande que a própria luz é atraída pela gravidade. Tal estrela é maior que galáxias, assim quis quem arquitetou o céu. Algo assim não é sustentável pelos homens. Seríamos esmagados pelo peso de nossos corpos.

Me pergunto quantos sóis e quantos planetas, quantas constelações e estrelas solitárias, quantas vidas e não-vidas dependem da Estrela. Sim, um corpo celeste desses influencia para além dos milhares de anos-luz.

Meu amor é supernova. É núcleo de um cosmos que dança, dando piruetas em elipses à velocidade superior à da luz.

Não vais ver com teus olhos abertos. Tuas íris amendoadas sempre esbarrarão em um limite, seja cotidiano, sejam vaidades que todos temos, seja a distância. Teus olhos esbarrarão, ainda que a barreira seja o momento em que não evitei que a gravidade sugasse o brilho visível desse Amor. Teus olhos são lindos, mas humanos.

Apesar disso, tens um coração que sente mais longe que qualquer telescópio a ser inventado pelo homem. Com ele podes perceber que onde há aparente silêncio é que mais há desejo por ti.

Fecha os olhos e observa o infinito, que toda a luz se dissipa nesta vastidão. É que mesmo longe, quando penso em ti sou mais que luz e que os limites das onze dimensões da matéria. O amor se move mais rápido que a luz e à essas velocidades o tempo é cristalino. Parece que chegou antes de ir. Aconteceu antes de haver. Ilusão de ótica. O Amor É.