sábado, setembro 10, 2005

do meu coração

Ontem a pequena florzinha que agora vive aqui, perto de mim, estava com dores. Dor na pele, dor na barriga e dor em todo corpo. Dor até no sangue. Hoje essa pequena florzinha acordou com dor também, agora na garganta, como quem tem algo prendendo e sufocando.

Ela não chorava, apenas dizia de um modo bem sereno, porque sabia que esse incomodo não passaria com medicamento algum, nem mesmo mel e limão. Pra passar uma dor dessas só deixando ela sair, seja falando, seja chorando, porque essa é uma sensação quase permanente na nossa condição humana. Eu não posso fazer essa dor passar, florzinha. Não posso aliviá-la de modo algum... porque não me acostumei com as coisas sólidas da vida virando pó e por vezes faço-as se dissolverem antes que a perda se torne insuportável.

É como uma queda num precipício sem fim. Mas só a queda, sem o impacto. Assusta, mas só machuca se deixarmos. Assim como você, pequenina, eu não sei se é o mundo que conheço que está acabando ou se apenas está se motrando como de fato é.

Agora você se sente só e eu também. Mas não estamos desprotegidos, meu bem. Eu sempre quis fazer uma canção pra você, ou sobre o quanto você me alegra só de eu olhar pra esses olhos grandes de desenho animado. Ver você crescer também me alegra e me dá coragem de ser grande também. Não tenha medo, pequenina.

Ao som de: Toquinho - Menininha. Com amor, do seu tio.