MOZART NO CÉU
No dia 5 de Dezembro de 1791 Wolfgang Amadeus Mozart
entrou no céu, como um artista de circo, fazendo
piruetas extraordinárias sôbre um mirabolante cavalo branco.
Os anjinhos atónitos diziam: Que foi? Que não foi?
Melodias jamais ouvidas voavam nas linhas suplementares
superiores da pauta.
Um momento se suspendeu a contemplação inefável.
A Virgem beijou-o na testa
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais moço dos anjos.
(Manuel Bandeira)
Eu era criança como ele foi até o fim, quando o ouvi pela primeira vez em um vinil de minha tia Carmina. Eram os concertos 21 (Elvira Madigan) e 23. Não sei dizer com que idade, mas é certo que ficamos amigos no primeiro compasso.
Naquele tempo, um disco era algo bem valioso. Na minha família, aprendiamos que o valor de uma obra é maior que o preço, criança não podia pegar num Long-Play sem supervisão de um adulto. Minha tia gostava que eu ouvisse boa música, até incentivava, mas não podia mexer no 3 em 1 sozinho.
No entanto, eu nasci canhoto. Um doce de enfant terrible. Quando Carmina saia, eu entrava sorrateiro no quarto dela com um monte de brinquedos, lápis-de-cor e papeis, e mexia no disco do outro enfant terrible. E então, os dois meninos danados brincavam um ao lado do outro. Um com o seu pianinho, cordas, flautas e metais; o outro, com cores e mais cores, bonecos e carrinhos.Vez por outra, eu parava o que estava fazendo para somente ouví-lo, e, mesmo assim, sem tocar em meus brinquedos, continuava a brincar por dentro.
Naquelas tardes, junto a Mozart, aprendi que o tempo se converte em espaço e o espaço em tempo através da música. Com meu amigo austríaco ali ao lado, toda distância de dois séculos e de milhares de Km entre Salzburg e Fortaleza se desfazia por alguns bons momentos.
Hoje, quando ouço os concertos 21 e 23, não somos mais dois, e sim três crianças arteiras. Mozart, o menino loiro de boca vermelha que fui e eu no presente, aqui escrevendo.
Quero ser como esses dois quando crescer.
entrou no céu, como um artista de circo, fazendo
piruetas extraordinárias sôbre um mirabolante cavalo branco.
Os anjinhos atónitos diziam: Que foi? Que não foi?
Melodias jamais ouvidas voavam nas linhas suplementares
superiores da pauta.
Um momento se suspendeu a contemplação inefável.
A Virgem beijou-o na testa
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais moço dos anjos.
(Manuel Bandeira)
* * *
Eu era criança como ele foi até o fim, quando o ouvi pela primeira vez em um vinil de minha tia Carmina. Eram os concertos 21 (Elvira Madigan) e 23. Não sei dizer com que idade, mas é certo que ficamos amigos no primeiro compasso.
Naquele tempo, um disco era algo bem valioso. Na minha família, aprendiamos que o valor de uma obra é maior que o preço, criança não podia pegar num Long-Play sem supervisão de um adulto. Minha tia gostava que eu ouvisse boa música, até incentivava, mas não podia mexer no 3 em 1 sozinho.
No entanto, eu nasci canhoto. Um doce de enfant terrible. Quando Carmina saia, eu entrava sorrateiro no quarto dela com um monte de brinquedos, lápis-de-cor e papeis, e mexia no disco do outro enfant terrible. E então, os dois meninos danados brincavam um ao lado do outro. Um com o seu pianinho, cordas, flautas e metais; o outro, com cores e mais cores, bonecos e carrinhos.Vez por outra, eu parava o que estava fazendo para somente ouví-lo, e, mesmo assim, sem tocar em meus brinquedos, continuava a brincar por dentro.
Naquelas tardes, junto a Mozart, aprendi que o tempo se converte em espaço e o espaço em tempo através da música. Com meu amigo austríaco ali ao lado, toda distância de dois séculos e de milhares de Km entre Salzburg e Fortaleza se desfazia por alguns bons momentos.
Hoje, quando ouço os concertos 21 e 23, não somos mais dois, e sim três crianças arteiras. Mozart, o menino loiro de boca vermelha que fui e eu no presente, aqui escrevendo.
Quero ser como esses dois quando crescer.
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