sábado, julho 31, 2010

ÚLTIMO POST

Há cerca de cinco anos comecei essa pequena manifestação da alma e do corpo. Não com pretensão de convencer, ou mesmo de ser reconhecido por qualquer palavra. Registra, como um caderno aberto, sim. Também não nego que quis comover um pouco algumas pessoas, sim, dentre às quais me incluo, posto que sou meu mais mordaz e exigente leitor.
Glória Diógenes, Aline Pimentinha, Camila, Pâmela, Bianca, Jana e Maria Ritão além de breves referências a amigos, como Jonnata Doll, NauDiney de Castro (O Diney é Grunge), Éder Wen, dentre outros. Pessoas que amo ou que amei. Essas e outras pessoas que admiro ou admirei. Pessoas que merecem ser citadas em quaisquer memórias afetivas que tenha, ainda que de forma velada (não para elas).

Nesses cinco anos sou o mesmo. Sou mais eu hoje do que era quando comecei esse blogue. Mas como mudaram as circunstâncias a minha volta... Do mesmo modo que dei fim ao Garoto do Porão, o primeiro blogue, de quando era um punkinho de cueca frouxa, dou fim a esse. É hora de buscar uma nova identificação.


Agradeço a quem leu e a quem ler. Vale a pena. Espero que o Gooooooogle mantenha por toda eternidade. Obrigado.



NOTAS DO CADERNO VERMELHO - FIM


A ÚLTIMA CARTA DE AMOR PARA G.

Agora é que foi! Fui embora e o que restou de mim se foi também para longe de você, inacessível.

Se um dia fui presente no teu cotidiano, como teu homem, hoje sou tão pouco - ou me sinto tão pequeno - que soa patético me afirmar como nada. Já não faço carinho em teu cabelo antes de dormir; não faço mais massagem em tua barriga; Não visto tua saia e pulo em ti, brincando que sou uma macaquinha doida; Não choro ao teu lado. Goles de vinho não me dão um divertido humor sincero sobre o que você é para mim. Dizer eu te amo e uma forma dão doce e engraçada era tão bom.

É em ruínas que se encontra o amor que outrora foi maior que impérios. Maior que a alma humana dos grandes humanos, por ser feita de duas almas. Talvez seja isso que pessoas de nosso tempo tanto evitam: o fim, a derrocada, a falta de brilho, o silêncio, a perda. Não, não é a morte que temo. O que mais temo, agora que estou longe, é ser esquecido e atirado ao Sheol por aqueles que amo, você inclusive.

Sei que de uns poucos, não preciso ter tal medo. Minha mãe será sempre minha mãe. Nosso amor é incondicional; Minha irmã, sempre por perto, mesmo longe; Eu serei sempre um tesouro da infância para Marininha; e meus avós, têm a vida tão longa quanto serão toda a sua descendência. São para sempre, como os avós dos avós dos avós deles.

Entretanto, você, Meu Amor, já não mora ali ao lado. Nem mesmo eu moro mais lá. Sequer sei onde moraria hoje se ainda estivesse em Fortaleza.

Fui embora de você de vez. Passei pela sua vida. Rodei e mexi com sua cabeça, adentrei seu coração, amei o teu corpo e unimos nossas almas - comunhão perfeita. Agora, onde você vê ruínas, eu enxergo ainda que já foi grandeza. Por baixo dos ruídos, oiço nossas melodias.

Mas eis que estou só.

Quando não se compartilha sentimentos e sensações, se é um estranho, ou quando não um doido. Você sabe que isso não sou.

Estranho, muito menos, se levarmos em conta como parâmetro, o reconhecimento mútuo. Eu te reconheço. És Glória. Minha, Minha Amor.

E eu, quem sou? Quem está alheio a quem?

Abençoados sejam os que sabem rir e chorar quando a vida é plena, quando nada lhes falta, quando são amados e amam.

Abençoados sejam os que sabem rir e chorar quando passa a plenitude e o momento é de esforço, quando lutam cansados, ou mesmo se cansam sem lutar.

Abençoados os que amam no silêncio, na distância e no esquecimento do desterro.

P.

Aqui morri um pouquinho mais. E me reergo, sendo quem sou, mas de outro modo.

Ao Éder à Maria Rita

É fácil passar a vida em branco, meus bons amigos.
É cômodo aceitar ser feliz pela metade.
Isso não é ser feliz
Isso não é viver.

Éder, o garoto, saiu para ganhar o mundo. No caminho, perdeu a alma da sua alma, Maria Rita. Não foi fácil para ele - não é fácil - olhar para si e saber que nada basta. Éder se perdeu de si e sempre qe olhava para o seu amanhã, nada via.

Éder, o garoto, virou homem longe de nossos olhos, e hoje, merece a admiração de todos nós, seus amigos. Mais que isso. Éder é digno de uma admiração maior: aquela que são dignos todos os que fazem da sua natureza humana mutável e sujeita à contigências a própria força. Éder tem uma vida bonita de se contar, a qual ele mesmo escreveu a maior parte dela, como hoje, em seu casamento, escreve conosco.



Isso deveria ser dito no casamento de meu amigo com minha amiga, mas eles quebraram o protocolo e eu fiquei em pé com cara de pai-de-santo que o santo não baixa.Ainda assim, o que ele e a Maria Rita disseram foi mais lindo. E rolava AC/DC.

terça-feira, julho 13, 2010

JÓ, 1, 7-12.

-É hora de calar?

-Os homens, quando perdem a fé, não ficam imunes ao que é maior que eles. Aquilo que eles rejeitam. A existência independe da ciência dos homens.

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sábado, junho 19, 2010

NOTAS DO CADERNO VERMELHO IV



ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU


No céu, olho as estrelas e também o que é escuro. É nessa parte calada da abóbada que é possível localizar o que há de maior e impressionante. É aqui, onde nossos olhos míopes de homem nada veem que eu busco uma estrela para chamá-la de Glória.

Não quero a mais vistosa daqui -o brilho muda de acordo com o ponto de vista do observador- Quero a maior, cuja massa é grande que a própria luz é atraída pela gravidade. Tal estrela é maior que galáxias, assim quis quem arquitetou o céu. Algo assim não é sustentável pelos homens. Seríamos esmagados pelo peso de nossos corpos.

Me pergunto quantos sóis e quantos planetas, quantas constelações e estrelas solitárias, quantas vidas e não-vidas dependem da Estrela. Sim, um corpo celeste desses influencia para além dos milhares de anos-luz.

Meu amor é supernova. É núcleo de um cosmos que dança, dando piruetas em elipses à velocidade superior à da luz.

Não vais ver com teus olhos abertos. Tuas íris amendoadas sempre esbarrarão em um limite, seja cotidiano, sejam vaidades que todos temos, seja a distância. Teus olhos esbarrarão, ainda que a barreira seja o momento em que não evitei que a gravidade sugasse o brilho visível desse Amor. Teus olhos são lindos, mas humanos.

Apesar disso, tens um coração que sente mais longe que qualquer telescópio a ser inventado pelo homem. Com ele podes perceber que onde há aparente silêncio é que mais há desejo por ti.

Fecha os olhos e observa o infinito, que toda a luz se dissipa nesta vastidão. É que mesmo longe, quando penso em ti sou mais que luz e que os limites das onze dimensões da matéria. O amor se move mais rápido que a luz e à essas velocidades o tempo é cristalino. Parece que chegou antes de ir. Aconteceu antes de haver. Ilusão de ótica. O Amor É.

sábado, maio 29, 2010

NOTAS DO CADERNO VERMELHO III

O AMOR CORTÊS - TROVA DE AMOR



Senhora do Meu Coração,
de quem carrego valiosa prenda,
É por te amar tanto
que sigo nesta senda.

Longe do teu peito,
da tua pele amendoada,
sigo mirando meu Destino
sem temer vilões na estrada.

Minha senhora bem sabe
e compreende o meu amor.
É pássaro de fogo que voa
a provar o meu valor.
Retornando ao teu castelo
restaurará o nosso elo.

Por ti, Senhora de mim,
Enfrento a todos e a tudo.
As palavras servindo de lança
no coração, cristalino escudo.
Feito do Amor Perfeito
que bem guardo e cuido.

Essa é a página que complementa o post anterior. Quando tinha 14 anos, caiu em minhas mãos um livro do Cancioneiro de D. Diniz, por influência do mestre Prof. Pitts. Eu achei uma coisinha linda, e olhe que eu nem sou muito chegado a poesia de amor (ironico).

Também acho interessante que Portugal e o Reino de Israel tenham reis poetas. Há algo de bom nisso tudo.

sexta-feira, maio 28, 2010

NOTAS DO CADERNO VERMELHO II

O AMOR CORTÊS



Pela primeira vez em minha vida encontro-me só. Não tenho ao meu lado minha pequena escudeira canina, e minha Dama deixei em minha terra. Saí para provar meu valor e honrar este Amor. Apesar disso, trago a Senhora do Meu Coração em mim. O amor que sinto por ela cristalizou-se, sendo mais brilhante e permanente que diamante.

Talvez ela o suponha pálido, já, após tantas idas e vindas. Não. Agora é que sei que a amo de verdade, para longe de minha vaidade. Se não estou com ela é para realizar façanhas que honrem nosso amor. E queira Deus que não canse, desvie a rota ou me perca, esquecendo meu brasão de família ou a Senhora com a qual sonho quando meu corpo dorme.

Como prenda, ela deu-me seu cheiro. Mais que isso, sua essência e o sabor de sua alma, carrego em meu olfato e paladar há anos.

Por baixo de minha armadura, de meu elmo que oculta meu olhar e minha expressão nesta nova jornada, minha pele ainda arde o fogo de nosso último encontro1.

No primeiro embate de valorosos cavaleiros, fui vencedor. Hoje cavalgo solitário - posição que sei lidar até certo ponto - a caminho de meu feudo. Por mais que receba boa acolhida, ou que encontre sombra e águas claras para repor as forças, sei que ainda não é chegado o epílogo desta minha aventura.

O único descanço verdadeiro será quando enlaçar meus braços e repousar minha cabeça sobre o seio de minha amada.

Este é o meu Graal.

Esta é a minha Glória de Deus.

segunda-feira, maio 17, 2010

memorando:

lembrar de transcrever o texto do éder.

segunda-feira, maio 03, 2010

NOTAS DO CADERNO VERMELHO


I
Onde finda a palavra começa o abismo.

Entre nós há olhos fechados,
Ouvidos surdos
Bocas mudas.
Há abismo...

Busco uma palavra que se faça ponte.
Uma palavra para dizer "asas".

Ainda que encontrasse,
A ponte cederia,
As asas falhariam,
Se não pudesses me dizer:
"Ouço com o coração".

II
Eu já fui velho uns anos atrás, tu bem sabes.
Já não tive esperança em nada
e muito menos vontade de sair da minha cama,
de minha rabujice.
Tu eras a jovenzinha de nós.
A pequena desejosa de amor e de prazer.

Também fui um menino.
Já quis morrer por tua causa.
E consegui.
Consegui, consegui e consegui,
Inumeras vezes morri e me renovei.
...E ainda te amava.

Agora és minha Istar de brilho contínuo.
Mesmo sob a luz do dia
ou do frio abrasante do deserto que atravessei.

Ficas a brilhar como uma benção viva
No céu de minha memória.
E bem sabes que meu tempo é arcaico.

Quando digo teu nome te trago a mim.

Quando digo o teu nome ganho asas
faço pontes sobre abismos.
E o que antes era silêncio e vapor sobre o abismo
Torna-se sentido e presença.

Glória.

Glória, ainda.

Glória, meu amor.
O Amor de Pedro.


III
Hoje fiz uma ponte e ganhei asas.
Sobrevoando o abismo vi:
No fundo há um rio que corre e não tem fim.


Agora o escrito pode vir ao mundo, ainda que discretamente. Publicado por ser inacessível a quem poderia causar algum impacto, de ciúmes ou de saudades. O resto é silêncio.

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sábado, maio 01, 2010

MOZART NO CÉU

No dia 5 de Dezembro de 1791 Wolfgang Amadeus Mozart
entrou no céu, como um artista de circo, fazendo
piruetas extraordinárias sôbre um mirabolante cavalo branco.

Os anjinhos atónitos diziam: Que foi? Que não foi?
Melodias jamais ouvidas voavam nas linhas suplementares
superiores da pauta.
Um momento se suspendeu a contemplação inefável.
A Virgem beijou-o na testa
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais moço dos anjos.

(Manuel Bandeira)


* * *

Eu era criança como ele foi até o fim, quando o ouvi pela primeira vez em um vinil de minha tia Carmina. Eram os concertos 21 (Elvira Madigan) e 23. Não sei dizer com que idade, mas é certo que ficamos amigos no primeiro compasso.

Naquele tempo, um disco era algo bem valioso. Na minha família, aprendiamos que o valor de uma obra é maior que o preço, criança não podia pegar num Long-Play sem supervisão de um adulto. Minha tia gostava que eu ouvisse boa música, até incentivava, mas não podia mexer no 3 em 1 sozinho.

No entanto, eu nasci canhoto. Um doce de enfant terrible. Quando Carmina saia, eu entrava sorrateiro no quarto dela com um monte de brinquedos, lápis-de-cor e papeis, e mexia no disco do outro enfant terrible. E então, os dois meninos danados brincavam um ao lado do outro. Um com o seu pianinho, cordas, flautas e metais; o outro, com cores e mais cores, bonecos e carrinhos.Vez por outra, eu parava o que estava fazendo para somente ouví-lo, e, mesmo assim, sem tocar em meus brinquedos, continuava a brincar por dentro.

Naquelas tardes, junto a Mozart, aprendi que o tempo se converte em espaço e o espaço em tempo através da música. Com meu amigo austríaco ali ao lado, toda distância de dois séculos e de milhares de Km entre Salzburg e Fortaleza se desfazia por alguns bons momentos.

Hoje, quando ouço os concertos 21 e 23, não somos mais dois, e sim três crianças arteiras. Mozart, o menino loiro de boca vermelha que fui e eu no presente, aqui escrevendo.

Quero ser como esses dois quando crescer.

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domingo, abril 25, 2010

AVISO AOS NAVEGANTES:

EU NÃO REVISO NUNCA O QUE ESCREVO AQUI.

FAVOR INDICAR ERROS.

2ª Canto do Estrangeiro

Perdi o chão essa noite.
Em sonho me descobri:
Não sei navegar.

O mar tornou-se turbulento
e quase leva todos os meus,
Sem respiro, sob a água.
Para onde irão os que naufragam nos meus sonhos?

Metáfora da vida:
Não controlamos o viver.
A existência é oceânica,
E é nos dias quentes...
e calmos... calmos...
que se formam as mais intensas tempestades.

Hoje à noite, ninguém morreu.
Todos os meus navegam,
Na nave que eu sou.
Coração e memória.

sábado, abril 24, 2010

1º Canto do Estrangeiro



Minha Dor é o inverso do Samba.
Não se transforma em beleza.
Não faz os quadris
da moça cacheada se bolirem.
Não há moça cacheada, e
As que tem não rebolam.
Sequer entendem de Samba.

Minha dor parece que se basta,
se acumula qual bolha.

E a Alegria? Essa não se compartilha.
Não se comunga em gargalhada.
Nem mesmo um sorriso pode ser inteiro, assim.
O abraço só tem um braço.
Isso quando há abraço.

Que alegria é essa?
A alegria do solitário,
sósia da alegria do louco.

O ombro pesa
ante o peso da cabeça
cheia de idéias.
Há um mundo aqui.
Tão vasto como o de fora.

Ninguém sabe(rá).

Correria por todos os mundos,
se me fizesse mais livre.
Não se é livre sem o outro.

Estou cansado e nem fiz muito.



*Paraná, em 27/01/2009.

MEIN GOTT!!!

Ok, para não deixar um assunto pendente.

É factual que tem gente que até pode ir ao cinema, mas não precisa, quando se é amigo das pessoas certas.

Brüno é uma um filme absurdo. Te faz rir. Me fez rir sem parar do começo ao fim, sem fim. No entanto, todos aqueles exageros, como a bicicleta ergométrica ou o crioulinho trocado por um i-Pod sãouma ficção. Apesar de haver cenas "reais", ou sem um roteiro prévio, o personagem é ficção, portanto, o filme enquadra-se no gênero ficção.

Agora, voltemos à vida real, que pode ser tão absurda quanto um filme desses. Depois da epifania de Brüno, lembrei - por ele ser gay, obviamente - de uma conversa que tive com um bom amigo meu. Ele namorava um rapaz e os dois não tinham receios de viver um com o outro as fantasias, coisa que todo casal deveria fazer. Desse modo, ele já havia se vestido de jogador de futebol, apesar de olhar mais pras pernas dos atletas que para os gols; de noivo e noiva (clássica essa, não?) e de policial e bandido (clichê!).

Nada de mais. Em se tratando de fetiches, perversão é, mais que nunca, algo relativo.

Absurdo foi a fantasia vivida pelo casal: FISCAL DA SUCAM*, ou aqueles carinhas de uniforme caqui que vem na sua casa jogar remedinho na sua privada e ralo pra matar larva de mosquito da dengue.

Aí sim, tive que fitá-lo nos olhos e sentenciar: "M., VOCÊ É UM PERVERTIDO!", caindo para trás da cadeira do boteco de tanto rir.

"Quem, nesse vasto mundo de meu Deus conseguiria ter tesão em algo assim?", disse.

"Alguém que fosse seu amigo seu", ele respondeu, sem ironia ou qualquer sentido pejorativo.

E assim, prosseguimos com nossas confissões de caipirinha.




*Ouvindo e cantando Sweet Transvestite (versão karaokê), da trilha do Rock Horror Picture Show.

**
Sucam, órgão que resultou da fusão do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERu), da Campanha de Erradicação da Malária (CEM) e da Campanha de Erradicação da Varíola (CEV).

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quarta-feira, setembro 30, 2009

Nada mais choca

Brüno ist das film der jahr, definitivamente.

Se pagamos o ingresso caro do cinema é para que ele nos ofereça, no mínimo, o que não acontece na vida real e ordinária do dia-a-dia. Buscamos o fantástico, ainda que o fantástico seja uma história de amor com um cotidiano de propaganda de margarina e cartão de crédito - quem já amou sabe que existem, de fato, esses momentos, mas que a vida não tem edição ou trilha sonora natural.

Temos que ir trabalhar e pagar contas e lavar roupas e alguns tem as crianças na escola, a mãe doente, etc (talvez por isso a expressão "filme de adulto" devesse caracterizar os filmes mais maçantes de todos, e não aqueles bons e clássicos pornôs onde toca black music na hora que vão começar os trabalhos).

Voltando ao Bruno. É o filme do ano porque, apesar de ser um documentário de ficção, com cenas reais, no melhor estilo "pegadinha", é absurdo o que acontece naqueles minutos. O fato de ser usada gente de verdade somente piora as coisas, havendo um pensamento constante de "não acredito que eles fizeram isso, que eu vi isso, que isso existe, que foi possível".

Todos os filmes que vi esse ano e foram lançados esse ano, alguns são bons, outros péssimos, outros patinam na mediocridade por conta de um final piegas, uma atuação ruim ou um buraco do tamanho das crateras deixadas pela Prefeita Luizianne Lôra, em Fortaleza (aprendi com Veja).

Exemplo disso é o Francês "Bem Vindo", que vi semana passada. Mais um filme de imigrante. Dessa vez um curdinho (Curdo, o povo mais fodido da terra) tenta atravessar o canal da mancha a nado para encontrar a namorada em Londres. Adivinha o que acontece? ELE MORRE! O que aconteceria na vida real acontece. Grandes bostas um filme assim... Dinheiro mal gasto, isso sim. E tempo perdido. Deixei de comprar uma revista Nat-Geo.

*******************************************

Agora voltando ao lance do Brüno, das film.

As loucas desventuras do jovem austríaco lembrou-me bastante de um bom amigo, ao qual não convém revelar aqui a procedência e o nome. Um dia, conversando sobre pornôs e etc, o rapaz falou-me de um pornô gay português o qual ele não conseguiu se excitar porque as falas eram muito "piadas do costinha" para porder causar qualquer tesão mesmo no gay mais "seco".

Em uma das cenas, o jovem pederasta a dar tapinhas na bunda de seu mancebo pronto para ser sodomizado parou o que fazia e disse: "vou besuntar-te d'óleo". Putz, cara. Nem que fosse a Silvia Saint. É coisa de parar o video-cassete e ficar voltando a fita de tão absurdo que é, como já é absurdo a idéia de um pornô (genericamente falando) português.

Depois conto o que absurdo de verdade... Quando a vida supera a sétima arte.

NaDA ChOcA.

domingo, setembro 13, 2009




Sim, fico um pouco ruborizado com isso.

quinta-feira, agosto 27, 2009

GRITO MUDO E ELA NÃO OUVE

Há cinco dias que me recuso a dormir naquele quarto.
Era o meu quarto.
Hoje me tremo em pensar deitar a cabeça naquela cama.
Porque vieste na minha vida
Como o complementar dessa minha alma egoísta
Que finge que se basta,
Que finge ser bem grande, mas só o foi
Contigo.

Vieste e te foste.
Acordo desde então em uma segunda-feira,
Além de ôco e machucado.

De ti, minha linda rosa sem fim,
Me restou um espinho encravado na alma.
Bem verdade que tive outros espinhos e até me desesperei por eles de tanta dor,
Mas esta farpa é permanente.
Porque eu te quero pelo tempo da minha vida,
Que fluia desde o beijo único até minha velhice plena de sensualidade.
Porque contigo, não imaginava vida que não fosse assim:
Apaixonado, até em sendo velho.
E seria um eterno amanhecer, esse rio de horas, dias, anos e momentos ao teu lado.

Agora me afogo como peixe, porque estou fora o rio da minha vida contigo.
E agora, tenho medo de fantasmas.
Do teu fantasma no meu lençol,
Que me assombra através do teu cheiro, que teima em permanecer.


Você sabe como falar comigo.

quinta-feira, julho 30, 2009

Meu aniversário passou e eu fingi que não vi...

Mas uns dias depois escrevi pra ele assim:

Quem quis que fosse no dia do sol, sob o signo do sol que me houvesse nascer?
Sétimo mês, vigésimo quinto dia, mil nove e centos e oitenta e dois.
Quem me quis que somados houvesse sete. Quem me quis que nome e sobrenome fosse catorze. Quem me quis o número sete, como são os astros vistos da terra, ou a semana lunar.
Quem me quis o sétimo filho do patriarca, não diretamente, mas por ser afilhado. Eis que o velho já é o sétimo, há setenta e nove anos.

Naqueles dias o sol acompanhava o leão e subia no leste o cordeiro. Quem me quer predador e presa?

Quem me fez forte pra ser vítima de holocausto em um destino misterioso construído a cada minuto (e como são misterioros os destinos).

De fato, tenho me sentido só há tempos, já sem memória. Como se o mundo estivesse por ser feito; e está, sendo obra perfeita que não se completa.

Eis que eu peco, pois sete são os pecados. Eu erro e cedo a mim mesmo, no que há de mais vil no homem. E de tantos vícios, virtudes e vazios, descobri que não se arranca por completo as flores, os espinhos e sequer as ervas daninhas do nossos quintais.

Estou fora do tempo e nada mais justo que caminhar minha existência sobre essa época de indefinições, a tal hipermodernidade, onde os homens sofrem em fuga da dor e em busca do prazer urgente. Eu não haveria de ser em tempos de certezas encrustradas como cracas no casco de um navio à deriva, mas, no qual a tripulação finge ainda navegar com destino certo.

Do espaço, não guardo saudades. Não sou parte dos vermelhos do deserto, nômades sem lei e sem caminho, habitando em face dos irmãos. Caminho, isso sim, com os dois pés da causalidade e da casualidade. Tenho pressa de chegar somente onde o Caminho me leva.

Canhoto com as palavras, destro com as pedras. Ambidestro para o Amor e a Indiferênça.

Não sei quantas almas moram na minha alma, ou o tamanho disso tudo. Suspeito que eu seja pequeno. Infinitamente ínfimo. Ínfimo e denso. Denso como estava o ponto primeiro antes do relógio universal começar a contar o tempo de agora.

Me quero honrado.

quarta-feira, julho 29, 2009

TEXTOS DA PRÉ-HISTÓRIA

NÁIADE - A Moça N’água

Deixa te contar um segredinho

Em voz baixa, perto do ouvido:


Momentos antes da existência

O sopro divino dançava sobre as águas.

O movimento era tão belo e vibrante que se fez som,

Que se fez música

E depois palavra,

Que disse: ‘que a Luz seja!’

Segundos de Eternidade depois e estou aqui.

Para dizer que vi,

Deslizante como se estivesse antes da Palavra Primordial,

Teus gestos prateados sobre a superfície da água,

Em dança com o sopro divino.

Vi, e em mim se fez música.

E agora palavra.

Dizem que a alma se revela em gestos

E os teus são leves que me percebo falando calado:

“Eis a Insustentável Leveza do Ser,

Eco e arquétipo da própria criação”

E rio,

Da mais água clara,

Fluindo no tempo da delicadeza.